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Alter ego digital

Francisco Fernandes Ladeira • 21 de abril de 2023

Francisco Fernandes Ladeira


Doutorando em Geografia pela Unicamp. Mestre em Geografia pela UFSJ. Durante dez anos foi articulista do Observatório da Imprensa, principal site brasileira de crítica de mídia. Atualmente, escreve com frequência em veículos da imprensa progressista, como Jornal GGN e Revista Fórum.  Como autor, coautor ou organizador, possui treze livros publicados. 

Alter ego digital


Nos anos 60, segundo o filósofo francês Guy Debord, teve início a chamada “sociedade do espetáculo”, quando as relações humanas, cada vez mais superficiais, passaram a ser intermediadas por imagens e todos os símbolos que elas carregam. A aparência tornou-se, então, mais importante do que a essência. O “ser” foi substituído pelo “ter” (ou melhor, pelo “parecer ter”). 

Décadas depois, surgia a “era das celebridades”, marcada pelas perseguições de paparazzis às pessoas famosas, em busca dos melhores flashes. Por sua vez, o público queria saber todos os passos das “celebridades”: Onde passam as férias? Quais festas frequentam? Com quem se relacionam?   

       

No entanto, tudo mudou com as redes sociais. Agora, cada indivíduo é potencialmente um “paparazzo de si mesmo”, capaz de criar um personagem sobre o próprio eu, como se fosse constantemente filmado, vivesse em um reality-show ou estivesse nas páginas de uma revista, fazendo de sua vida um espetáculo orientado para o olhar alheio.   

                                           

Consequentemente, as impressões que temos sobre nós mesmos e os outros, passam, necessariamente, pela imagem construída na internet. Redes sociais como Facebook e Instagram se constituíram em uma espécie de “alter ego digital”. Praticamente não há mais limites entre real e virtual. Diga-me o que postas, que te direi quem és.


De acordo com a antropóloga Paula Sibilia, para a sociabilidade contemporânea, exibir-se na internet não é apenas algo que se “pode fazer”, é também “desejável”, para que assim um sujeito passe a “existir” e ser valorizado. 

                                                                   

Nesse sentido, há uma forte tendência entre adolescentes em sofrer de “selfie-estima”, o que significa relacionar a autoconfiança corporal com a quantidade de “curtidas” que se recebe em uma foto postada nas redes sociais.


Não por acaso, nos Estados Unidos, 55% das cirurgias faciais são realizadas em pacientes que querem melhorar a aparência em selfies. Já um estudo do Pew Research Center constatou que aplicativos de relacionamentos têm sido responsáveis pelo aumento de vendas de cremes para pele masculina e produtos para cabelo e barba, pois muitos homens desejam parecer mais atraentes nas fotos de seus perfis virtuais. Curiosamente, vendas de perfumes não foram alteradas. Odor não se percebe por imagens. 


Diante dessa realidade, se Narciso, famoso personagem da mitologia grega, vivesse nos dias de hoje, certamente não precisaria morrer afogado, contemplando a si mesmo, bastaria atualizar diariamente seus vários perfis nas redes sociais. Mas, é claro, com muitas “curtidas”.

 

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