Desejava ver um poeta,
Não sabia onde procurar
Fui à janela aberta
E me pus a contemplar.
à
Vi uma árvore frutífera,
O avião passou no céu.
No bolso nunca faltava.
A caneta e um papel.
Vi os prédios subirem,
E a cidade crescendo.
Enquanto o progresso chegava...
Vi casas antigas morrendo.
Até o trem a vapor
Sabia que ia passar
Veio a locomotiva,
À diesel, tomando o lugar
Vi o pássaro verde,
Azul, vermelho e amarelo,
Da janela onde estava,
Faziam do telhado o castelo.
Vi jovens correndo na rua,
Crianças brincando na praça,
O cachorro olhado a lua,
O menino fazendo pirraça.
Via a floresta caindo,
Deixando lugar para a estrada.
O automóvel evoluído,
E a rua engarrafada.
Vi no cume a igreja,
Acolhendo zelosos fiéis,
Na reza com toda certeza,
Cumprindo sublime papéis.
Vi a nuvem branca ou cinzenta.
Encobrindo o vistoso anil,
A chuva, às vezes, cruenta,
Na terra o barro fundiu.
Um breve momento na janela,
E o poeta eu pude encontrar
Pois a vida, de fato, tão bela,
Traz poesia em todo lugar.