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Pobreza versus Riqueza

Sidney Jorge • 12 de setembro de 2024

     Pobreza versus Riqueza

     Um sábado à tarde. Feriado. Comemoração do chamado 7 de setembro, independência do Brasil. Celebra-se com apresentações de marchas militares e escolares. Alguns grupos aproveitam, também, para se reunirem e manifestar o grito dos excluídos. As sociedades buscam variadas expressões de realidades e, nos antagonismos, há a possibilidade de amadurecer a construção de alguma identidade. Apenas uma breve contextualização do momento.


    Mas, a narrativa visa um caminho diferente. Pois bem, nesse dia, seguia para realizar compras de mercado, ao passar por uma barbearia de costume, um cliente terminava seu corte de cabelo. Atravessei a rua e após a confirmação do profissional, aguardei a minha vez.


     Normalmente, é quase impossível sair de um salão de “beleza” ou barbearia sem se envolver com assuntos dos mais aleatórios. Esses caem em seu universo sem nenhuma preparação. Às vezes, reclamações, outras vantagens em negociações, experiências passadas, eventos, mercado e... vai por aí. No primeiro dia, o assunto norteia as origens e as qualificações de quem está na cadeira.


     Exatamente nesse dia, ainda me ajeitava no assento, orientava o estilo para o serviço e, enquanto o barbeiro estendia o manto, iniciou a conversa:


     - É sábado, feriado e eu aqui trabalhando. De qualquer maneira, não tinha nada para fazer em casa. Um cliente me ligou pedindo se podia atendê-lo e de repente você é o quinto que apareceu.


    - Ah, sim. Eu gostaria de ter vindo pela manhã, ao ver as notícias dos desfiles, percebi ser dia de um feriado. Imaginei que estivesse fechado. Agora, ia às compras. Disse, apontando para as duas sacolas deixadas na cadeira vazia.


     - Na vida, a gente tem arrependimento por deixar certas oportunidades passarem e não ter arriscado. Acho que eu poderia ser rico hoje, não sei…


      Opa, entendi ser a introdução do tema daquele dia.


     - Exerço esta profissão desde minha juventude. No início, trabalhava em um bairro mais simples da Cidade do Rio de Janeiro. Certo dia, conheci uma pessoa que me mostrou uma loja para aluguel em um dos bairros mais ricos da cidade. Perguntei o valor do aluguel. “20 mil reais.” Ela respondeu. Ali mesmo, decidi que não era viável. Um aluguel desses não aguento pagar, sem chances. Estou muito bem e confortável com meu salão da periferia. Agradeci e, ao virar para ir embora, ela me chamou: “Posso lhe falar uma coisa?” Sim, respondi. “Você está vendo apenas uma possível dificuldade no preço do aluguel da loja. Você é um excelente profissional. Atrairia muitos clientes. Sabia que moradores daqui chegam a pagar 1500 reais por um corte de cabelo? Nessas condições, provavelmente, em cinco dias já teria conquistado o valor do aluguel e de outras despesas. O restante seria lucro. Como seria um começo, poderia cobrar menos e mesmo assim seria possível ter uma boa renda. E disseste que recebe 7 reais pelo corte onde trabalha. Significaria um grande salto em seu orçamento. No início, posso ajudar-lhe de alguma forma, até compreender esse novo processo.” Sem titubear, movi negativamente a cabeça: não dá para mim não. Agradeci e, enquanto me despedia, ouvi dela uma frase que sempre lembro em certas ocasiões: “VOCÊ É POBRE, PORQUE ACREDITA QUE É POBRE.”


     Ao ouvir aquela frase, senti-me grato por todo o ensinamento contido nela. Tratava-se de uma máxima que resumia, praticamente, todos os aspectos que envolvem as definições das “crenças limitantes”. Eureca, a pobreza é uma crença. E, desejando ir além… A pobreza, neste caso, não deve ser entendida apenas como pobreza material ou financeira. Pode ser compreendida como pobreza de espírito. Pode ser diagnosticada como falta de propósito, falta de imaginação, de sonhos, escassez das potencialidades, falta de disposição. Um verdadeiro “enterrar de talentos”. Quantas frases poderiam substituí-la para uma compreensão mais apurada do significado das crenças limitantes na vida das pessoas?


     Você é fraco(a), porque acredita que é fraco(a)!

     Você é limitado(a), porque acredita que é limitado(o)!

     Você é feio(a), porque acredita que é feio(a)!

     Você é enrolado(a), porque acredita que é enrolado(a)!

     Você é bobo(a), porque acredita que é bobo(a)!

     Você é serviçal, porque acredita que é serviçal!

     Você é um perdedor(a), porque acredita que é perdedor(a)!

     Você é dependente, porque acredita que é dependente!



    E tantas outras frases poderiam compor esse rol de crenças nas limitações. Qual o problema? Aprendeu-se assim. A tradição foi assim. A educação primou, inconsequentemente, reproduções de crenças limitantes sem ao menos piscar para algo diferente disto. Ler e refletir sobre estas frases, no mínimo, provoca uma certa indignação? Ótimo. É o início para o despertar. É o ponto de partida para buscar uma reformulação delas, de modo a anulá-las da mente e do coração, construindo uma nova percepção de si. É justo reconhecer que há pessoas que não são afortunadas, mas possuem imensa riqueza espiritual. Por exemplo, aquelas que, de fato, têm boa vontade em acolher e socorrer outras pessoas em situação de risco, alimentando-as e estimulando-as a seguir seus caminhos de forma mais amena e mais segura de suas potencialidades. Sim, é possível.


     Mas, voltemos às frases que devem substituir aquelas.


     Você é vencedor(a), porque acredita que é vencedor(a)!

     Você é rico(a), porque acredita que é rico(a)!

     Você é inteligente, porque acredita que é inteligente!

     Você é bonito(a), porque acredita que é bonito(a)!

     Você é empreendedor(a), porque acredita que é empreendedor(a)!

     Você é forte, porque acredita que é forte!

     Você é saudável, porque acredita que é saudável!

     Você é sábio(a), porque acredita que é sábio(a)!

     Você é carismático(a), porque acredita que é carismático(a)!

     Você é feliz, porque acredita que é feliz!


     Enfim, você é aquilo que acredita que é!


     As crenças limitantes ou o contrário delas, que deveriam ser o normal para as pessoas, até mesmo porque a frequência vibracional de origem não se fundamenta nas crenças, mas sim em uma dinâmica do nosso eu superior. Crenças limitantes são infusões de pré-conceitos que, de alguma forma, são inconscientemente e inconsequentemente impostas pelo círculo de convivência, como verdades a serem seguidas ao custo da integração com um propósito de vida ou projeto mais conectado ao sonho. Condições que sacrificam, até mesmo, a riqueza e um jeito mais feliz de se envolver com a realidade. O fato é que as crenças limitantes ou a compreensão da plenitude do Eu interferem negativa ou positivamente nas escolhas. As crenças limitam ou impedem certas escolhas, não escolher e fundamentar nas crenças é uma escolha. As escolhas realizadas na compreensão da plenitude do Eu seguem a partir da coragem e isto faz toda a diferença, ao ser como uma convicção de que os caminhos e atividades fluirão, simplesmente fluirão. Quando um desafio se apresenta, a solução também vem com ele.


     Voltando à conversa na barbearia, visualizei algumas situações em que recuei diante de alguma proposta que julguei além de minha capacidade no passado. Lembrei de uma vez em que uma instituição procurava alguém para gerenciá-la. Pessoas responsáveis pelo local onde eu trabalhava, de pronto, me indicaram. Rapidamente, acessei minhas crenças limitantes e justifiquei ter pouca idade, ainda não havia alistado, não estava preparado… e tantas outras. O fato é que declinei de arriscar e acreditar em uma nova experiência que parecia muito promissora. Na verdade, hoje entendo que não acreditei em mim. Após esses estudos e reflexões, tenho em vista levar essas memórias para a dimensão da gratidão. A gratidão é fonte de riqueza e prosperidade. Hoje é hoje e sou grato pelo presente, pela vida e pelas experiências do agora. Um segredo é purificar as tantas memórias passadas e escolher uma integração mais plena com o presente. Faz muito bem.


    Muitas outras histórias foram partilhadas no decorrer do corte do cabelo. Chegando ao final, levantei-me, paguei o valor do serviço. Naquele exato momento, outro senhor parava diante da porta e perguntava se havia a possibilidade de atendê-lo. O barbeiro respondeu que sim. Eu me retirava rumo ao supermercado onde a esposa me aguardava, na certeza de que recebi uma importante e estimável sabedoria para dividir com as pessoas.


     E acredite: VOCÊ É RICO(A)!


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